O ano de 1406 começou cercado de incertezas. Após a fabulosa vitória de sir Orion Drake sobre a Tormenta em Tamu-ra, uma grande ameaça deixou de existir. Nas sombras, vilões moviam suas peças para ocupar esse espaço. Aproveitando o desgaste político que crescia em grande tensão no oeste do Reinado, seres espreitavam na escuridão.
Na ausência de centenas de deuses menores e outros heróis mortos no grande esforço contra a Tormenta, Arton precisava desesperadamente de heróis experientes.
***
Residindo em seu casarão em Valkaria, Aldred e Therese viviam seus anos de aposentadoria. Muitos aventureiros que tiveram o privilégio de terminar suas carreiras com vida e todos os membros do corpo intactos, preferiam viver em paz aproveitando os tesouros acumulados dos anos rastejando masmorras. Mas não Aldred e Therese. O casal, antigos membros do Protetorado do Reino, passaram os primeiros anos de "calmaria" criando os dois filhos. Mas quando a mais nova atingiu uma idade satisfatória para saber se cuidar, o casal passou a buscar novas coisas para fazer.
Aldred fazia suas cavalgadas semanais, aproveitando a enorme velocidade de Farrapo, um garanhão exemplar e poderoso, patrulhando o território de Deheon. Therese tornou-se de fato uma acadêmica, produzindo teses e teorias, aprofundando o campo do estudo da mente e dos feitiços do encantamento. Muitas vezes membros do Protetorado os procuravam para aconselhamento. Outros também os chamavam para tentar resolver algum problema, mas o casal recusava sempre qualquer chamado para uma missão ou aventura. Haviam prometido e decidido que haviam parado.
Porém, quando o próprio rei de Tollon, o Reino da Madeira, faz o convite, era difícil ignorá-lo. Solast Arantur era um monarca conhecido por sua bravura e humildade e precisava de ajuda para uma questão importante, revelada apenas na reunião em Vallahim, capital do reino.
***
A Ordem de Valhalla acolhera muitos membros ao longos dos anos desde sua fundação. Porém, nenhum integrante se tornou tão proeminente como Hildr. Não apenas por seu sangue celestial e sua habilidade de voar com suas asas, mas por sua eficiência em combate portando sua foice mágica e sua capacidade de aglutinar guerreiros que não eram humanos. Em Yuden, a Ordem de Valhalla prosperou nas sombras das antigas florestas de Svalas.
Buckhard, seu mentor e pai adotivo, não escondeu o trágico passado de Hildr e nem quem o provocou. A guerreira, entretanto, foi criada com disciplina marcial e estoicismo impressionante. Apesar de seu sangue celestial buscar plenitude e sacrifício, Hildr foi moldada para ser uma guerreira fria e por isso não se deixava levar por motivações pessoais como vingança. Ela esperava o momento certo, a oportunidade de agir sobre aqueles que a tiraram a escolha de um futuro diferente.
Hildr chegava de mais uma missão quando foi recebida por Buckhard. Ele tinha mais uma tarefa para ela. O próprio rei de Tollon, Solast Arantur, solicitou à Ordem de Valhalla o seu melhor guerreiro para uma tarefa imprescindível. Normalmente Buckhard tomaria para si essa tarefa, mas estava velho e Hildr era reconhecidamente a mais poderosa integrante da ordem. Era jovem e tinha o sangue de celestiais. Algo que poderia agradar ao rei e garantir gordas recompensas.
***
O Baronato dos Carpas em Callistia estava agitado nas últimas semanas com o anúncio do casamento de Kallyan e lady Marina Wulden do baronato vizinho. Todos os dias, várias carroças de comerciantes se dirigiam para a região, bem como alguns aristocratas menores e cavaleiros errantes. A cidade crescida no entorno do Castelo da Carpa estava começando a ficar inchada de tanta gente. Porém, Kallyan não estava presente em seu feudo há alguns dias.
Aventureiro devoto de Valkaria, viciado em adrenalina, Kallyan era um qareen com algumas décadas de juventude pela frente. Tinha todo o tempo do mundo e o usava para rastejar em masmorras. Estava saindo de uma delas quando recebeu uma carta oficial do governo de Callistia. O rei Planthor Drako queria conversar com ele.
O monarca parecia empolgado ao receber Kallyan em seu salão na capital Fross. O feiticeiro se surpreendeu quando encontrou o patriarca dos Wulden, o pai de Marina, naquela reunião. Joseph Wulden era um homem arrogante e sempre visto com seu traje militar yudeniano, mesmo nunca tendo empunhado uma adaga sequer, fruto de uma reivindicação de um passado yudeniano. Seu futuro sogro havia persuadido o rei para aceitar um convite enviado por outro monarca, o rei Solast Arantur de Tollon. Ele precisava de aventureiros poderosos para cumprir uma missão a ser revelada em uma reunião...
***
Fazia alguns anos que Ian se tornara um agente do Reinado. Desde o fatídico evento envolvendo sszzaazitas na Corte de Yuden, anos atrás, o jovem ladino ganhou reputação nos bastidores, entre os governos do Reinado. Graças à influência de seu mentor Gaunter, aprendera a lutar e também a se portar como um aristocrata nos bailes de requinte. Algumas más línguas diziam que sua ascensão se devia às informações escusas e sigilosas conhecidas por ele.
Apesar de ter alguma estima e reputação, Ian não era um aventureiro heroico comum. A comunidade de aventureiros poderosos, como o Protetorado do Reino não o conhecia. Aventureiros comuns também não. O povo comum também não. Sua atuação era por debaixo dos panos, movendo-se à espreita nas sombras, usando seus ouvidos para coletar informações e descobrir estratagemas.
Por isso, Ian pôde estranhar quando foi convocado para uma reunião com o rei Solast Arantur de Tollon. O monarca era conhecido por seus modos diretos e o povo de Tollon não gostava de sutilezas e intrigas. Qual seria seu papel nisso tudo? Como uma convocação oficial do Reinado, assinada pelo próprio Rei-Imperador Thormy, não era seu papel questionar ou recusar. Era seu dever cumprir a solicitação.
***
A última lembraça que teve foi o céu da boca do dragão. Com horror, River viu seu corpo ser mastigado, perfurado por enormes presas. O bafo quente, o corpo rasgando, se abrindo, ossos quebrando e o céu da boca escamoso, viscoso. Breu.
River sentiu-se sacolejar pelo mar escuro do éter até encontrar-se com a sensação de queimação formigando as pontas do seu corpo. Sentiu as chamas mornas e a presença divina. Thyatis vinha a ele. Era sua segunda morte e segundo encontro com o deus da ressurreição e da profecia. Suas palavras eram firmes e diretas dessa vez.
Então, num piscar de olhos, estava de volta a Arton. Em algum lugar aleatório, diferente de onde havia morrido. Era mais frio e as árvores tinham formato. Estava nu. Portava somente seu alaúde mágico, caído em algum canto na relva. As palavras de Thyatis agora pareciam uma parte impossível de lembrar de um sonho. Sem ter o que fazer, andou por algumas horas até encontrar uma aldeia que estava recebendo uma feira animada. Os primeiros olhares de estranhamento fizeram a música parar, as conversas cessarem. Uma moça gritou repentinamente e guardas o escoltaram para a masmorra...
***
Vallahim
A capital de Tollon era o principal centro comercial de Tollon e o que havia de mais próximo, em termos de porte, das grandes cidades existentes em outros reinos. Suas casas eram rústicas como o seu povo. Na Praça Central se localizava o Momumento dos Mortos, uma construção esculpida em madeira na forma de uma montanha. Era uma homenagem a todos os colonos que perderam suas vidas no caminho até as terras de Tollon.
Os aventureiros chegaram à capital ao longo do dia, em momentos diferentes e se dirigiram à sede do Conselho de Tollon, uma imponente, mas pouco ostensiva, construção feita toda de madeira negra. As pessoas das ruas (quase nenhuma mulher era vista) notavam com clareza a imponência dos aventureiros e abriam espaço. Olhares sisudos eram os mais comuns e todos não deixavam de encará-los e ninguém abaixava a cabeça. Este era o destemido povo de Tollon.
Sede do Conselho de Tollon
O lugar parecia ter um pouco mais de esmero. A madeira negra que revestia o interior do casarão era bem polida, bem como os móveis. Quando o primeiro aventureiro chegou, foi recebido prontamente por um homem robusto, trajando uma armadura de placas de metal sobrepostas sobre um saiote xadrez, com uma barba e cabelos lisos fartos.
Logo, o segundo e o terceiro aventureiro chegaram ao ambiente praticamente ao mesmo tempo. O capitão Edmund se levantou de sua mesa e também o cumprimentou avisando da ausência do rei.
Eu sou o capitão Edmund. Seja bem vindo. O rei ainda não chegou.
Uma hora depois, um homem grande com uma barriga proeminente, mas braços muito fortes, irrompeu pela sala de espera. Ele era alto, usava uma camiseta xadrez com um suspensório simples e em seus ombros repousava uma pele de urso. O homem passou dando uma pequena olhada para os três aventureiros que ali estavam e acenou comedido. Entrou pela porta oposta de onde chegara, deixando o capitão desconcertado.
Então, o quarto aventureiro apareceu a tempo de ver os outros se levantando e partindo em direção à sala do rei.
Bem, este era o rei Solast Arantur.
***
Sala do Rei
Em muitos reinos a sala do trono é opulenta, com um trono propriamente dito, tapetes vermelhos, esculturas, quatros, candelabros e outros objetos de arte. Além de ser apinhada de servos e guardas expostos ou ocultos. Mas não a sala do rei de Tollon.
Este lugar parecia mais uma sala de troféus simples, com algumas cabeças de monstros penduradas na parede, como trolls das montanhas, mantícora e um tríbulo brutal. Havia um candelabro de velas simples para garantir iluminação, um quadro com o brasão de Tollon ao lado de um machado, atrás de uma cadeira de madeira negra. Solast Arantur estava de pé para cumprimentar cada um dos aventureiros para uma apresentação simples com um forte aperto de mão. Depois, ele retornou para sua cadeira atrás de uma mesa pequena com dois pergaminhos enrolados, uma adaga cravada, uma pena em seu tinteiro e uma caneca de cerveja.
Sua descrição foi interrompida pela batida na porta. Seu capitão aparecera novamente, um tanto constrangido.
É difícil encontrar gente de confiança hoje em dia. Por Khalmyr, sempre foi difícil encontrar pessoas de confiança! Mas ouvi boas coisas sobre vocês. Sei que Aldred e Therese Maedoc estão entre os melhores aventureiros do Protetorado já produziu. Hildr é uma verdadeira heroína, onde apenas o fato de existir em Yuden já é uma resistência. Kallyan Carpa é um barão, dominador da magia e aventureiro sagaz. Ian Voss é um exímio espadachim, mestre dos segredos e capaz de grandes feitos...
Desculpe interromper, majestade...
Vamos, diga logo, homem.
Solast se ergueu da cadeira com assombro no rosto.
Um homem apareceu aqui... ele diz que...
Que homem, capitão Edmund?
O rei bateu na mesa com um sorriso grande no rosto.
Não se apresentou, mas ele está usando apenas uma ceroula e carrega um alaúde estranho.
Então, River entrou na sala do rei, vestindo tão simploriamente quanto o ambiente que o cercava.
Mande-o entrar!
Após a apresentação do quinto aventureiro, Solast Arantur volta a sentar-se em sua mesa mais folgadamente. Ele sorria satisfeito.
Os deuses estão conosco mesmo. Esta noite sonhei que durante esta mesma reunião, um homem enviado por Thyatis viria me ajudar. Não sou um devoto lá muito bom, mas vou a todas os cultos. Sei diferenciar um sonho profético de um comum. Muito bem, diga-me quem é você, rapaz.
A ênfase na última palavra podia chamar atenção.
Como eu ia dizendo, eu preciso de heróis experientes e poderosos como vocês. Quero que vocês busquem um criminoso chamado Emmilian Urich, preso em Ahlen, para ser julgado aqui em Vallahim. Ele cometeu diversos crimes em Tollon e tivemos o azar de que fosse preso naquele reino lá. Já fiz os acordos necessários, mas o "piedoso" rei Torngald Vorlat não tem o empenho de trazê-lo até mim. Preciso que vocês viagem até a fronteira de Tollon e Ahlen e tragam o meliante para cá. Vivo.
Nota do Mestre:
Introduções foram simples e diretas para vocês poderem criar e construir uma narrativa própria para encaixar os eventos. Criatividade é sempre recompensada com 1 ponto de ação.
Notem que a cena na sede do Conselho de Tollon eu não escolhi a ordem dos aventureiros que forem aparecendo, com exceção de River. Decidam entre vocês mesmos ou quem postar primeiro. Basta respeitar a ordem dos acontecimentos.
Imagino que vocês farão perguntas ao rei Solast Arantur. As respostas serão dadas no telegram.
Dados dos Personagens: Inventário, XP, Riquezas
- Aldred C. Maedoc II <> PV: 75 (183)¹ CA: 23 (35)¹ PE: 3 PA: 1 <> Eia!: 2 <> Condição: com Farrapo¹
- Therese Incarn <> PV: 26 CA: 16 PM: 38/0 <> Vínculo arcano: 1 <> Tese Arcana de Graduação: 1 <> Tese Arcana de Mestre: 1 <> Magias preparadas: 2º - Enfeitiçar pessoas (CD 21), cativar (CD 21), detectar pensamentos (CD 21); 3º - Coordenar batalha x2 (CD 22), bola de fogo, imobilizar pessoa (CD 22); 4º - Vidência, invisibilidade maior; 5º - Dominar pessoa (CD 24), cone glacial, marionete (CD 24), voo prolongado <> Condição:
- Farrapo <> PV: 108 (183)¹ CA: 20 (32)¹ <> Condição: com Aldred¹
- Hildr Schulze <> PV: 123 CA: 25 PE: 9 PA: 1 <> Luz do dia: 3 <> Condição:
- Kallyan de Callistia <> PV: 126 CA: 21 PM: 41 PA: 1 <> Desejos: 1 <> Voo 1 <> Condição:
- Ian Voss <> PV: 67 CA: 36 PA: 1 <> Equipamento de espionagem: a escolher (CD para ativar) <> Dias para renovar: 7/0 <> Condição:
- River Nero "Fênix" von Merovech <> PV: 75 CA: 20 PM: 24 PA: 1 <> Música de bardo: 15 <> Destruir o mal: 1 <> Cura pelas mãos: 8 <> Condição:
Próxima Atualização: 02/04