lgumas semanas atrás, uma carta selada chegava ao castelo de Goretz. Aquele próspero feudo de produtores de vinho e comerciantes fora rebatizado há três anos, em honra à família do conde Leon Goretzka III, a quem havia sido entregue a propriedade daquelas terras, por sua atuação exemplar na defesa da capital do Reinado durante as Guerras Táuricas.
A carta era endereçada ao nobre e trazia, na cera amarela que a fechava, a marca do galo vespertino, símbolo dos Hardfeld, uma família que certamente já vira dias melhores, mas que se mantinha firme e fiel ao condado e à marca. O patriarca, sir Aldir Hardfeld, era Senhor de Campodouro, vilarejo que governava há décadas, apesar das dificuldades pessoais — havia tido apenas uma filha, muito tarde e já em idade avançada; e perdera sua esposa para uma peste, já fazia bem dez anos —, além dos problemas do próprio feudo que governa.
O povo de Campodouro tem uma vida dura. Suas terras são menos férteis que outras partes de Deheon e seus artesão são poucos. Além disso, a proximidade com a Floresta dos Basiliscos torna Campodouro um lugar perigoso. Certamente há lugares mais fáceis de cultivar. Então por que morar aqui?
A resposta é pão e cerveja. Os fazendeiros de Campodouro cultivam campos de
weiz, um grão altamente valorizado em Arton. O cultivo de weiz é notoriamente difícil e o vale onde Campodouro está localizado torna o lugar uma das poucas áreas em Arton-norte onde o grão nasce.
Campodouro fica num vale entre colinas altas, aproveitando o córrego que há entre elas e acaba em um charco, na borda da Floresta dos Basiliscos. Um forte temporário de madeira construído no topo de uma alta colina ao sul observa Campodouro. Este forte de madeira, chamado “Forte Campodouro”, é guarnecido por uma dúzia de soldados liderados por sir Loric, um impetuoso jovem cavaleiro.
Campodouro foi recentemente afetada pela construção de um forte de pedra para substituir o forte de madeira. Há algum tempo, a marquesa Branda Ollen, responsável pela região nordeste de Deheon, tem recebido relatos de que ataques de selvagens, vindos da floresta, vêm aumentando. Percebendo que entregar os campos de weiz para os bárbaros resultaria na perda de um recurso importante, a marquesa decidiu melhorar este posto avançado militar. Novos prédios estão agora sendo construídos para acomodar os trabalhadores que serão necessários para completar esta tarefa, e dentro de alguns meses a silenciosa aldeia será provavelmente uma próspera cidade.
Isto deu aos aldeões de Campodouro uma razão para celebrar, e este é o motivo da carta que chegou a Goretzka — haveria um Festival de Inauguração. Visitantes e artistas vieram de todas as partes da região e além, e montaram barracas que agora alinham-se nos limites do vilarejo. O festival foi planejado como um evento de três dias que coincide com o começo da temporada de colheita. Cada dia será repleto de entretenimento e festejos, com a cerimônia de início dos trabalhos no forte marcada para o último dia. A carta, escrita de próprio punho com a rebuscada caligrafia do velho senhor de Campodouro, convidava o conde a comparecer ao festival e partilhar das comemorações.
Goretzka fazia muito gosto do convite. O velho sir Aldir havia se mostrado um leal amigo nos últimos anos, e o próprio conde já havia visitado o pequeno feudo em outra ocasião, para firmar pessoalmente um tratado de compra de weiz. Era desejo de Goretzka que aquela terra prosperasse, e falou a favor de Campodouro quando questionado pela marquesa sobre a construção do forte de pedra.
Este era o motivo pelo qual, naquele dia cinza e chuvoso em excesso, típico do início do outono, o conde estava em sua carruagem, rumo ao pequeno domínio, acompanhado de sua esposa, Simone e seus três filhos mais novos: os gêmeos Gotze e Marta, que carregavam consigo toda a intensidade da adolescência, e o pequeno Enzo que, nascido com uma doença misteriosa e aparentemente imbatível, com nem oito verões completos já havia sentido muito mais dor do que seus irmãos juntos.
O único progresso real que o conde havia tido em relação à doença da criança foi quando conhecera, há alguns anos, Anahera, uma curandeira de Khubar, que praticava um tratamento exótico no garoto. Aquela mulher misteriosa dizia-se uma sacerdotisa das chamas; e de fato usava os segredos do fogo para curar. O receio inicial da condessa Simone em relação ao tratamento de Anahera foi substituído por alívio quando viram os primeiros sinais de que a doença não mais avançava. A sacerdotisa ainda não havia descoberto uma maneira de curar completamente o garoto, mas havia conseguido estagnar a enfermidade. Além disso, apesar de sua personalidade reclusa e quieta, Anahera não recusava-se a cuidar e oferecer conforto espiritual ao povo de Goretz, independente de classe, posses ou raça. Por conta de sua relevância, e para acompanhar o garoto enfermo, Anahera era o único não-membro da família Goretzka que os acompanhava na carruagem, naquela tarde fria com céu de chumbo.
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Magnus Falkenmayer chegara em Campodouro há quatro dias. "O Renascido de Valkaria", como era chamado por alguns plebeus, despertava admiração e curiosidade por onde passava — dado como morto há alguns anos, o guerreiro, que era um cavaleiro da Ordem dos Libertadores, reaparecera como um celestial, com um impressionante par de asas emplumadas, dizendo que havia tido com a própria Deusa da Humanidade, e que ela lhe havia confiado uma missão. Mesmo que os mais céticos desacreditassem que o guerreiro havia morrido e falado com a deusa, o par de asas era bastante real e persuasivo.
Quando soube que um membro da Ordem deveria ser destacado para acompanhar o início da construção da fortificação de pedra de Campodouro, Magnus apresentou-se, pois naquele feudo vivia a irmã de seu pai, Aldanna, junto de seu marido Rickard, e não via os entes desde antes de sua primeira morte. Ao chegar no vilarejo, foi recebido pelos tios, que lhe apresentaram um punhado de filhos maravilhados com o "primo anjo" que tinham. O guerreiro celeste passou a auxiliar na preparação dos festejos, inabalado pela chuva constante das últimas semanas. A simples presença do enviado celeste parecia incutir ânimo à sofrida população de Campodouro.
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Naquele primeiro dia de festividades o céu estava carregado de nuvens cinzentas e relâmpagos ocasionais, acompanhado de uma garoa incessante e fina. No meio da tarde, a caravana vinda de Goretz chegava. Além da carruagem principal, haviam três outras carroças menores, e os veículos eram escoltados por guardas do conde, a cavalo. Uma das carroças era reservada à maior parte dos servos do conde; na segunda carroça, além de mais alguns serviçais, vinham também Borys, o Ghondrinn, e a elfa Caelynn. Ele, um trovador, recomendado pelo conde Goretzka para uma performance ainda naquela noite. Ela, uma arqueira que havia terminado sua última aventura perto de Goretz há um mês e agora buscava novas oportunidades.
A terceira carroça destoava completamente das demais — era pintada de azul profundo, com motivos encurvados dourados, que emolduravam os desenhos de folhas e frutos diversos. Na soleira, dois lampiões com chamas verde-azuladas lutavam com o cinza-chumbo do dia, tentando prover mais iluminação. Mas o que mais chamava a atenção era o fato da carroça guiar-se sozinha, sem condutor ou cavalos. Pois aquele era o veículo da comitiva feérica de Pondsmania, que percorria o Reinado em constantes missões diplomáticas. A pequena carroça desdobrava-se magicamente por dentro, dando espaço a uma numerosa comitiva do povo das fadas. Em meio a eles, seu príncipe, Dream, aguardava o momento da chegada, enquanto polia mais uma vez sua impressionante armadura.
Quando os veículos chegaram, foram primeiros recepcionados pela garoa fria que caía, deixando todos grudentos e desconfortáveis. Ventos leves também sopravam, enregelando as pessoas em roupas úmidas e ocasionalmente derrubando itens leves no chão. A garoa e o tráfego a pé tornaram o chão lamacento, automaticamente cobrindo com botas, calças e saias longas. A maioria dos aldeões tirou seus sapatos e enrolou a barra das calças para melhorar a situação, mas o tempo certamente estava estragando parte das festividades.
À frente da carruagem de conde Goretzka, um séquito de plebeus carregando pequenos toldos aguardava a saída do nobre. Ao centro daquelas pessoas, a figura de Valerie Hardfeld, única filha do senhor de Campodouro, destacava-se por aparentemente passar incólume a todo o barro que a cercava. Com pouco menos que seus vinte anos, a garota era atraente, mas seus olhos demonstravam um espírito forte. Seus movimentos e sua voz eram graciosos quando dirigiu-se ao conde e sua esposa.
— Meu senhor. Minha senhora. É uma honra sem dimensões tê-los presentes em nossa Campodouro. Sou Valerie Hardfeld, filha de Aldir Hardfeld, o governante desta terra, com a graça de Valkaria.
As palavras foram seguidas com uma mesura muito bem feita. Borys notou que a garota tinha naturalidade para aqueles procedimentos, embora certamente eles não fossem muito usados em um fim de mundo como aquele.
— Perdoem-me por não termos meu pai aqui neste momento. Ele sabe de sua chegada e está muito feliz por ela. Se não veio, foi por insistência minha. Apesar de sua boa saúde, sua idade avançada me inspira cuidados e temo que toda a chuva e frio possam acabar vencendo sua resistência. Espero que possam entender a preocupação de uma filha.
Em seguida, a jovem estendeu o braço a uma casa de madeira que havia ao lado. Apesar de simples, a casa parecia grande o suficiente para todos da comitiva do conde.
— Por favor, desfrutem de nossa hospitalidade. Preparamos aquela casa para acolhê-lo e onde os senhores poderão descansar à vontade da viagem. Quando estiver instalado, meu pai estará à disposição para atendê-lo. Todos nós estamos muito felizes com vossa presença em nossas festividades. O que o senhor ou algum dos membros de sua comitiva precisarem, basta pedir, e lhes será atendido.
Depois das apresentações, a garota fez mais uma vez a mesura correta com desembaraço e retirou-se, seus cabelos negros como se tivessem vida própria ao vento, deixando alguns dos plebeus com toldos à espera da comitiva do conde, para levá-los ao casarão.
OFF
Olá pessoal, esse é o quadro de informações off-game. Ele serve para colocarem todas as informações relacionadas a regras que vocês utilizarem nas postagens, assim como outras informações que acharem relevantes. Não é necessariamente um espaço para conversa, já que temos o Telegram para isso, mas podem passar por aqui informações que acharem relevantes também, caso queiram ser mais claros em sua postagem.
Então, quando fizerem um ataque, teste, usarem algum recurso que gaste PVs ou PMs; ou qualquer outra coisa sempre indiquem aqui, e eu vou atualizando o controle e status dos personagens.
Não expliquei com muitos detalhes na postagem, mas Anahera, Borys, Caelynn, Goretzka e Dream/Nightmare estão vindo juntos, viajando desde Goretz já há um dia e meio. Não precisam apresentar-se uns aos outros. Vocês não sabem que Magnus está no vilarejo, mas Magnus sabe, pelo burburinho entre os plebeus, que o conde está a caminho e chegará em breve às festividades. Ele também sabe que Borys está vindo e que foi indicado pelo próprio conde, o que faz com que os plebeus estejam ansiosos pela performance do bardo. Vocês também podem interagir com Valerie, se quiserem, antes que ela tenha saído.
Lembrando que, nesta primeira parte, o tempo de resposta será de 2 dias, diferente do que havíamos combinado inicialmente (mas só nessa primeira parte). Justamente por isso, vocês não serão penalizados em relação aos Pontos de Frequência caso levem mais tempo para responder (mas eu vou seguir com a história de toda forma). Vou avisá-los quando chegarmos ao tempo comum de respostas.
Vou colocar os status de vocês agora, mas essas informações não vão se repetir em todas as postagens — apenas quando houver atualização dos status. Se notarem alguma atualização errada, me avisem. A princípio, a última atualização de status é a que vale.
Anahera. 10/10 PVs, 20/20 PMs.
Borys. 15/15 PVs, 30/30 PMs.
Caelynn. 10/10 PVs, 24/24 PMs.
Goretzka. 10/10 PVs, 10/10 PMs.
Magnus. 20/20 PVs, 10/10 PMs.
Dream. 20/20 PVs, 20/20 PMs.
Nightmare. 15/15 PVs, 25/25 PMs.
Mały. 12/12 PVs, 20/20 PMs.
Armadura Titânia. 10/10 PVs, 10/10 PMs.
Manto Albion. 10/10 PVs, 10/10 PMs.
E por enquanto é isso. Sintam-se livres para tirar dúvidas no Telegram. Espero que todos se divirtam! =D