Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

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Padre Judas
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por Padre Judas » 01 Mar 2018, 19:32

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O bardo aceitou ser aquecido pela magia da fada (ou seria fado?) mas queria muito mesmo era tomar um banho quente.

- Fico muito agradecido, milorde. Mas bem que um banho seria bem-vindo...

Quando perguntou da cerveja as serviçais escapuliram-se com uma resposta que ao bardo parecia ensaiada.

- Ó, minhas senhoras, será que não têm piedade de um pobre bardo viajante? Não poderiam fornecer a este humilde servo um gole de sua tão famosa bebida? Proponho em troca oferecer-lhe alguma coisa de meu... toque.

Fez um gesto aparentemente ingênuo – e disfarçadamente obsceno – com o seu violão. Mas então chegou mais gente acompanhada de crianças barulhentas. Bem, crianças devem ser barulhentas, suponho. E um dos recém-chegados era Magnus, o Escolhido de Valkaria – pelo que o mesmo dizia. Borys não tinha certeza. Mas os tios dele lhe deram um agrado muito bom.

- Excelente! São meus salvadores, meus senhores! Meus heróis! Entoarei loas a seus nomes!

E sorriu, dedilhando enquanto ensaiava um breve soneto rimando Aldanna e Rickard. Mais tarde foi ao festival com seus companheiros.

- Vamos lá, Cae! Vai ser divertido!

Fez questão de arrastar a elfa consigo, eufórico. Mały saltou sobre a elfa e subiu em sua cabeça, animado. Ao chegarem às barracas o pequeno esquilo ficou correndo de um lado para o outro, curioso, cheirando tudo e tomando o cuidado para os vendedores não o notarem. O bardo provou algumas coisas, ofereceu algumas frutas à elfa. Por fim aproximou-se do público diante do palco, ficando mais atrás e observando algumas apresentações, avaliando a “concorrência”. Embora não os visse desta maneira, afinal de contas ele era a estrela da noite. Apenas cruzou os braços e ficou ali, assistindo.
BAÚ DO JUDAS
JUDASVERSO

Alexander: Witch Slayer [Kaito_Sensei]
Dahllila: Relíquias de Brachian [John Lessard, TRPG]
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Armageddon
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por Armageddon » 01 Mar 2018, 23:42

Goretzka disse:

— Sejam vistos pro aí. Estamos aqui para ajudar com o festival e essa é a missão de vocês. Gastem alguns tibares, brinquem e se divirtam, mas estejam prontos para a apresentação do Borys no palco antes da ceia. Se tiverem algum contratempo, sintam-se a vontade me procurar.
- Por falar em tibares, preciso de alguns de novo. Sei que não vai se importar em emprestar alguns...

Anahera amarrou os cabelos atrás da nuca usando um enfeite de osso e estendeu a mão para o Conde. Nunca havia cobrado nada para cuidar do pequeno Enzo, porque como dizia seu primo Chago, uma dívida de gratidão valia mais do que qualquer ouro. Esperava que o velho Goretzka não se esquecesse disso.
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João Paulo
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por João Paulo » 02 Mar 2018, 08:23

— Não se acanhe, Anahera — disse Goretzka com um sorriso de gratidão e um olhar gentil no rosto — O que você faz pela minha família eu não tenho como recompensar. Sempre serei grato pelo bem que você faz ao pequeno Enzo. — E entregou um punhado de tibares de ouro.

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Tiagoriebir
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por Tiagoriebir » 02 Mar 2018, 11:55

OFF:
Dinheiro do Goretzka: 2.197 tibares.
Dinheiro de Anahera: 13 tibares.

• Além do dinheiro que Goretzka entregou para Anahera, a curandeira pode, até o final deste dia, fazer um uso da vantagem Patrono se quiser, mas os PMs gastos serão do Goretzka (se o João Paulo concordar na hora que Anahera usar o recurso).
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DiceScarlata
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por DiceScarlata » 02 Mar 2018, 12:30

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- Aproveitar o festival huh? Deveras soa agradável. Farei isso.

*Suas asas esticaram-se, translúcidas e prateadas, quatro vezes maiores que seu próprio corpo, exalando beleza e voou para o ombro do bardo que já saia junto com a elfa*

- Permita-me acompanhá-los sim? Se não fores um encomodo. Perco-me com a mesma facilidade que reluzo.

*Sorriu altivo deixou-se levar*

- Sr. Bardo, assumo que estou ansioso por vossa apresentação. Preparastes algum soneto novo para nossos ouvidos?
Tribo Scarlata


- MUNDO DE ARTON: GRUPO MADEIRA DE TOLLON (on):Angra Cabelos de Fogo
- MUNDO DE ARTON: GRUPO AÇO-RUBI (on): Jihad das Areias Vermelhas
- MUNDO DE ARTON: GRUPO JADE (on):Sr. Fuu
- JOHNVERSE: PRESA DE FERRO (on): Jinx - Cruzado da Ordem dos cabeças de Dado
- JUDASVERSO: CRÔNICAS DA TORMENTA (on): Nagamaki no Gouka!
- FUI REENCARNADO COMO MONSTRO (on): Gizmo
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Armageddon
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por Armageddon » 02 Mar 2018, 12:47

Anahera agradeceu a generosidade de Goretzka com um aceno breve, e após uma última olhada em Enzo e nas crianças, saiu tão discretamente quanto possível para conhecer o lugar. Planejava passar pelo entorno para ver o vilarejo em si, especialmente as condições das casas e do povo que vivia e trabalhava ali, deixando as tendas para mais tarde.

Na opinião dela, isso diria muito mais sobre o anfitrião do que a festa organizada no coração da cidadezinha.
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por John Lessard » 02 Mar 2018, 19:41

- Nem pense nisto, Dream - Caelynn levantou a mão, negando a magia do príncipe - isto faz com que me sinta viva, de uma maneira real.

Adentrou mais alguns passos para dentro do casarão, esquadrinhando o ambiente com seus olhos élficos. Sentou-se a mesa, para se permitir um momento de tranquilidade, o que não durou muito, afinal logo começou o falatório e a gritaria das crianças correndo de um lado para o outro. A arqueira comeu pouco, pois não queria ficar empanturrada de comida. Revirou os olhos para os comentários sutilmente obscenos de Borys e cumprimentou o recém-chegado Magnus com um aceno de cabeça. Entretanto, não pôde ficar muito mais, logo o bardo a puxou até o festival.

- Está bem, está bem... Apenas se control lá.
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Tiagoriebir
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por Tiagoriebir » 03 Mar 2018, 12:01

Goretzka e Magnus
Goretzka escreveu:— É sempre muito bom revê-lo, garoto! — Não importa quanto tempo passasse, Leon sempre veria Magnus como aquele jovem impulsivo amigo do seu filho mais velho. — Certamente o festival ganhará ainda mais bênçãos com a sua presença. O sobrinho de vocês comeu por muitos anos as minhas custas, permitam que meus convidados e eu cobremos essa dúvida agora — disse em tom de brincadeira, se referindo aos presentes, e pegou um daqueles doces para o pequeno Enzo.
Ante o cumprimento e a brincadeira de Goretzka, tanto Magnus quanto seus tios riram. Já comiam um pedaço de pão de weiz com geleias típicas quando o conde continuou.
Goretzka escreveu:— Magnus, já conhece o governante da cidade? Se não, o levarei comigo para vê-lo. Ele está um pouco enfermo e acredito que a sua presença irá deixá-lo um pouco mais corado para o festival
— Já tive o prazer de conhecê-lo, sim, senhor Goretzka. Creio que esteja mais cansado pelo avançado da idade do que enfermo de fato. Pude vê-lo algumas vezes desde que cheguei em Campodouro, há uma semana. Chegamos até mesmo a conversar. Apesar de idoso, ele é um bom palestrante; ficou muito animado quando soube que eu também era seu conhecido. Vamos vê-lo, então! Certamente ele está na tenda dos jogos, tentando convencer sir Loric a casar-se com a bela Valerie...

— Ou seria o contrário? — a tia de Magnus completou a frase, com uma piscadela e um sorriso para ambos, antes de afastar-se, ralhando com um dos rebentos pela bagunça.
Goretzka escreveu: — e então, com o semblante um pouco mais sério, falou mais baixo para que ninguém pudesse ouvir — Tem notícias do meu filho?
— A última vez que o vi foi há duas semanas, na sede da ordem — respondeu o renascido, coçando o queixo — mas ele estava muito bem. Acabara de voltar de uma missão longa, de mais de um mês, em que ajudaram o líder de um feudo do nordeste de Sambúrdia a estabelecer seu governo de direito, que havia sido tomado por um hobgoblin tirano, vindo das Sanguinárias. Ele não me disse nada, e só dá risada quando eu pergunto, mas pelo que os demais contam, seu filho despertou o interesse de mais de uma donzela por lá — e pontuou a frase com uma risada, que dizia claramente "típico do pequeno Leon IV".

Algum tempo depois, todos estavam enfim preparados e o conde deu instruções para que todos seguissem ao festival. O próprio nobre dirigiu-se à tenda dos jogos, acompanhado de Simone e dos gêmeos. O pequeno Enzo, devidamente aquecido e cuidado por Anahera, ficaria aos cuidados das demais servas, enquanto a própria curandeira também tomaria parte nos festejos. Magnus, seus tios e seu punhado de filhos acompanharam o conde pelo caminho, mas despediram-se quando chegaram no pátio central do vilarejo, pois ainda tinha afazeres na tenda dos alimentos. O celestial acompanhou o conde.

Quando adentraram a tenda dos jogos, um agradável calor logo deu vez ao frio e à garoa incansável do exterior. O chão era coberto de palha, o que, junto da cobertura, fazia a maior parte do barro ficar por fora. Havia pelo menos de uma centena de pessoas lá dentro, de acordo com a conta rápida que o conde fez; e estavam espalhadas em núcleos, cada uma prestigiando algum tipo de jogo.

Logo à esquerda, três alvos eram massacrados pelas flechas dos competidores do torneio de tiro: um cavaleiro, uma garota de cabelos negros e curtos e um aldeão. Havia vários espectadores, e também alguns desafiantes acompanhando.

Mais à direita, uma quantidade consideravelmente maior de pessoas urrava animada assistindo dois homens musculosos e suarentos racharem dois grossos troncos com seus machados. Era uma competição comum em cidades por todo o Reinado. Pelo estado de ambos, pareciam já estar nessa atividade há algum tempo, mas ainda estavam empatados.

Ao fundo, à esquerda, estava o segundo núcleo com mais pessoas. Havia três mesas pequenas, com dois bancos cada, típicas para disputas de queda de braço. Duas delas estavam vazias no momento, mas a terceira estava certamente ocupada, com todos em volta dela gritando animados. Não era possível ver os competidores, tamanha a compactação de pessoas em volta da mesinha.

Ao fundo, à direita, dois soldados de armadura de couro disputavam uma partida de wyrt, enquanto um terceiro olhava. Eles certamente não eram nobres, mas ninguém do lugar parecia se importar com isso.

— Onde deseja ir primeiro, meu senhor? — Questionou Simone ao conde.
OFF
Mael, tomei as rédeas do Magnus para dar seguimento à aventura, mas você pode controlá-lo livremente de novo, a partir de agora. Como estamos com prazos de postagem alterados, não haverá desconto de Pontos de Frequência.

Os demais personagens, aguardem um pouco, que logo posto.
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Tiagoriebir
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por Tiagoriebir » 03 Mar 2018, 13:02

Borys, Caelynn e Dream
Borys escreveu:- Fico muito agradecido, milorde. Mas bem que um banho seria bem-vindo...
Uma das serviçais do vilarejo ouviu a frase e desculpou-se.
— Perdão, mestre artista, mas não temos como aquecer água para um banho a tempo de o senhor participar do festival. Mas podemos fazê-lo para depois de sua apresentação, se desejar.
Borys escreveu:- Ó, minhas senhoras, será que não têm piedade de um pobre bardo viajante? Não poderiam fornecer a este humilde servo um gole de sua tão famosa bebida? Proponho em troca oferecer-lhe alguma coisa de meu... toque.

Fez um gesto aparentemente ingênuo – e disfarçadamente obsceno – com o seu violão.
Algumas das serviçais mais novas deram risadinhas disfarçadas ao bardo, em um sinal que a ele já era muito claro de que não precisaria passar aquela noite em uma cama solitária, se se esforçasse mais um pouco.
Borys escreveu:- Excelente! São meus salvadores, meus senhores! Meus heróis! Entoarei loas a seus nomes!

E sorriu, dedilhando enquanto ensaiava um breve soneto rimando Aldanna e Rickard.
Os parentes de Magnus sorriram, claramente sem jeito. Rickard, o tio do cavaleiro, era interessado em música, mas muito acanhado para dizer qualquer coisa, tendo ficado apenas escutando interessado, junto de um de seus filhos, enquanto sua esposa conversava com Magnus e Goretzka.

Mais tarde, o bardo e seu esquilo, a elfa e o príncipe feérico seguiram em direção aos festejos junto do Magnus e do conde, até se encaminharem para outra tenda. Quando passaram na frente da tenda dos alimentos, Mały disparou para fazer um rápido reconhecimento, mas voltando a tempo de chegar junto do bardo e seus amigos à tenda em que havia sido montado o palco.

Algumas dezenas de pessoas estavam reunidas à frente do palco, de costas para a entrada. O som de uma música cômica preenchia o ambiente, orquestrada por três goblins vestidos como uma espécie muito engraçada de soldados, posicionados em um dos lados do palanque. Ao centro, uma criatura chamava atenção, pela aparência e pelos trajes: Aos olhos treinados de Caelynn, parecia claramente um meio-elfo, embora suas orelhas e nariz fossem desproporcionalmente grandes. Os braços e pernas também pareciam maiores que o normal, movendo-se de forma desengonçada, o que por si só despertava metade das risadas dos presentes. As roupas de bufão eram o motivo da outra metade.

Mas, de alguma maneira, mesmo com os movimentos desengonçados, o bufão também despertava maravilhamento. Suas estrepolias incluíam acrobacias com pinos, máscaras e cartas. Após finalizar mais uma manobra que até mesmo Dream considerou impressionante, o palhaço falou, por sobre as palmas.

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— Nhá, nhá, nhá! O fabuloso Otker agradece suas palmas! Obrigado! OBRIGADO! =D

— O próximo número, eu aprendi com artistas do sul de Arton-Norte e do norte de Arton-sul! E já lhes aviso: é muito, muito perigoso! Não repitam em casa! Nhó, nhó, nhó! — Os movimentos do palhaço eram amplos, e pareciam preencher a totalidade do palco, de modo a prender a atenção dos espectadores. — Quase Nada, venha até aqui!

Logo, um dos goblins abandonou seu instrumento — Borys notou que a música em si não mudou nada depois que o goblinzinho saiu de seu posto; indicando que aquele ali de fato não estava tocando nada — e foi até o centro do palco, junto do Fabuloso Otker. O palhaço acendeu um cigarro de palha e colocou na boca do pequeno Quase Nada, que automaticamente começou a tragar com voracidade.

— Hey! HEY! Menos sede ao pote, Quase Nada! — ralhou o meio-elfo desengonçado, aplicando uma bofetada no topo da cabeça do goblin, que tentou parecer tonto. Não era preciso ser um artista para notar que o pequeno goblin fingia muito mal. Mesmo assim, o público caiu na risada.

Em seguida, o goblin ficou parado, muito reto, com o cigarrete na boca, enquanto Otker pegava um tipo de boleadeira, cujo peso subia e descia pela corda. Dream pensou tratar-se de um objeto mágico a princípio, mas os olhos aguçados de Caelynn logo perceberam que o peso enrolava-se à corda de forma rápida, apenas isso.

Otker começou a girar o instrumento, a princípio de forma desengonçada e previsível, mas depois adquirindo cada vez mais velocidade. Então começou a girá-lo, enquanto fazia-o saltar, aproximando-se cada vez mais perigosamente da cabeça do goblin, que engolia em seco. O público ficou apreensivo e em silêncio, quando a boleadeira estranha quase alcançou o rosto do pequenino; e os músicos tocaram uma nota contínua, que inspirava a tensão do momento.

Então, Otker fez um movimento rápido, e a boleadeira partiu como um raio em direção à ponta do cigarro de palha, apagando-o sem mover o cigarro ou sem acertar a cabeça do goblin. O público foi ao delírio e a música voltou ao tom cômico. Até mesmo algumas moedas voaram ao palco, colhidas rapidamente por Quase Nada, enquanto Otker recebia a ovação, de braços abertos.

— Nhé, nhé, nhé! Obrigado, meus queridos! Muchas gracias! Domo arigatou! São vocês que me fazem continuar na estrada! Agora farei meu último núermo desta tarde — ouviu-se um muxoxo geral do público, que pareceu preencher de satisfação o bufão.
— Para este número especial, eu precisarei de um ajudante — colocou uma mão sobre a boca, como se contando um segredo. — Mas um ajudante de verdade, não estes relaxados aqui! — E a plateia caiu na gargalhada novamente.

— Há alguém no público suficientemente corajoso e bravo para participar desta última performance? — Os braços do bufão estavam novamente abertos, perscrutando a audiência, aguardando sua resposta.
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Re: Parte 1 — Bem-vindos a Campodouro

Mensagem por Tiagoriebir » 03 Mar 2018, 13:33

Anahera

Anahera saiu antes mesmo dos demais, quase sem ser notada. Quando havia deixado a casa, foi interceptada por uma senhorinha idosa do vilarejo, que estava cuidando do casarão. Ela trazia um xale de lã "para não passar frio, menina", segundo a idosa. Anahera não precisava da peça e preferia não carregá-la, mas não quis ser mal educada e agradeceu o empréstimo, prometendo devolver assim que voltasse.

A curandeira percorreu o entorno do vilarejo, distanciando-se do barral que havia se tornado o caminho principal que ia para a praça. Em sua caminhada, observou as casinhas que formavam Campodouro. Era tudo muito simples, muito duro. Havia um moinho, o casarão onde estavam hospedados e um outro casarão, para além das tendas. Por ocasião do festival, havia entre as casas muitos carroções cobertos, que haviam traziado viajantes, comerciantes, artistas e público para apreciar os festejos. De resto, todas as construções eram pequenas moradias de madeira. Mas mesmo com toda a simplicidade, Anahera pode notar que aquele povo cuidava do que era seu — as casas eram limpas e as pessoas, embora endurecidas, eram saudáveis. Seja lá quem fosse esse tal senhor de que todos tanto falavam antes, parecia estar administrando bem. Se a cidade fosse crescer, seria por consequência do trabalho duro que todos faziam ali.

Anahera só não tinha certeza se crescer era de fato algo bom para um vilarejo como aquele.

A sacerdotisa do fogo já havia circundado boa parte do vilarejo, quando ouviu vozes alteradas vindas de uma casa logo adiante. Parecia uma discussão. Uma voz masculina e outra feminina. A curandeira mal teve tempo de se esconder, antes de ver a porta da casa escancarando-se de repente, uma figura careca e musculosa, com um farto bigode, saindo de lá ainda aos berros.

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— ... E NÃO QUERO MAIS SABER DESSAS SUA FRESCURAS! NÃO ME INTERESSA, MULHER! VOU BEBER, NÃO ME SIGA COM SEUS CHORAMINGOS!

Uma voz de choro era ouvida lá de dentro. A mulher balbuciou algumas coisas, ininteligíveis. Uma menina ranhenta, de cabelos muito escuros saiu da casa, atrás do homenzarrão.

— Pa... pai...

— Não me incomode você também, guria! Não quero ter que lidar com você agora — respondeu o homem, um pouco mais controlado. — Volta lá pra sua mãe.

A criança ainda ficou alguns instantes sob a garoa, olhando o homem se distanciar, antes voltar para sua mãe, dentro de casa.
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