O chacoalhar da carroça acordou Angra, num sobressalto, olhos abertos e vidrados. O céu era azul, límpido e Azgher brilhava imponente. Era um dia lindo, que inspirava coragem e gratidão, mas não para ela. O céu estava bloqueado pelas grades da jaula. Dos lados e no teto. Suas mãos e pés, acorrentados. Despida de sua armadura, incapaz de imaginar onde estaria sua espada e escudo e furtada de sua dignidade, seguia jogada num carroça que fedia a urina, vestindo apenas calças surradas e uma camisa de linho.
Suas lembranças dos últimos dias e acontecimentos eram poucas e misturadas, mas todas elas eram horrorosas. Por algum motivo havia sobrevivido ao golpe de Gordrimm, e era difícil determinar se isto era uma benção ou maldição. Acordara numa masmorra, largada e acorrentada. Os anões tiveram o prazer de contar que todos seus amigos estavam mortos, lhe bateram, a deixaram nua, alisaram seu corpo, a observaram… Mas não a violaram, havia ordens, e isto não poderia deixar de ser pior.
Angra ganhou roupas ordinárias e foi jogada numa jaula, esta por sua vez, estava alocada em cima de uma carroça, puxada por bois. Agentes do Império iriam levá-la até Warton, os motivos, ela não saberia dizer. Passou pela cidade, onde uma fileira de pessoas lhe arremessava frutas e legumes podres, aquela que liderou os rebeldes, tentando acabar com o Império da Conquista. Uma pária, insolente, sem direito a nenhum respeito.
Quando passou pela praça central, um nó se formou em sua garganta, seus olhos se encheram de lágrimas, junto do aperto no peito. O horror, a crueldade, presente no mesmo lugar onde tudo aquilo havia começado. Brandon havia sido crucificado, nu, para que todos vissem, surrado e sem uma das mãos, amarrado de maneira desleixada, com cordas velhas. Seus outros amigos não estavam ali… Talvez, apenas um ato mesquinho e maldoso para atingir Yela.
Já passava do meio dia e Angra sentia fome, sabia que deveria chegar viva, ou aquela viagem não faria sentido, mas os homens que a levavam, tinham seus próprios meios de tortura-la, e lhe dariam água e comida quando quisessem. Ao todo eram cinco, três guerreiros armados com alabardas e trajando cotas de malha, que vigiavam a carroça de perto sempre, um de cada lado e um na retaguarda. O quarto era um homem mais bem equipado, carregava uma besta pesada, uma espada bastarda nas costas, junto de um escudo pesado. Sempre estava um pouco distante, olhando os arredores.
O último e quinto membro que conduzia a carroça, Angra sabia se chamar Tibero Rex. Estava no comando e os demais falavam seu nome com mais frequência. Era um homem grande, forte, com cicatrizes nos rosto e olhar cruel. Deveria possuir mais cicatrizes em outros pontos de seu corpo, mas não eram visíveis pela armadura completa que usava. Também carregava uma espada bastarda presa às costas.
Além dos olhares maldosos e postura militar ímpar, o que todos compartilhavam entre si, estampado em suas armaduras ou escudos, era o leopardo negro.
***
Vanthuir Skullbringer estava conhecendo o mundo, o mundo quente fora das Montanhas Uivantes. Desde que ganhara seu nome e provara seu valor para sua tribo, havia saído em busca de mais. Aventuras, matanças e inimigos que lhe fizessem sentir algo a mais. Aprendeu cedo que o mundo era movido por dinheiro, com ele você comprava armas, armaduras, comida, cerveja, mulheres… Mas havia mais, o mundo era violento e o Império era governado por um Deus-Imperador Invencível, Mestre Arsenal.
Então a primeira coisa que chamava a atenção quando uma garota alada oferecia um serviço, não era suas asas e sim o dinheiro e a promessa de matar soldados de Warton.
Desde que saíra das Uivantes, a melhor coisa que Vanthuir havia encontrado era acompanhar uma pequena caravana, porém o mercador pagava pouco e nunca havia muita “diversão”. Com esta nova proposta, a de libertar uma prisioneira, guarnecida por os famosos Puristas do Império, era muito mais atrativa. 50 TO agora e mais 50 quando se encontrassem com o contratante em um vilarejo chamado Gallen.
Arekus Warhoof havia fugido de seu lar para ser um aventureiro. Mas o que isto significava? Assim que deixara Tapista do Norte e adentrara nos domínios do Império da Conquista, conseguiu a companhia de uma caravana, como um convidado, por seu nome, seu status. Segundo Pietro Laetrus, o comerciante responsável, contornariam as regiões mais centrais, onde a caça dos não-humanos era constante. Segundo ele, as coisas pareciam que iriam se tornar piores em pouco tempo e todo o império iria ser intolerante, mas enquanto isto não acontecia, ele ficaria feliz em viajar com o minotauro, até porque comercializava dentro de Tapista também.
Arekus porém não sentia-se um aventureiro, não como o bárbaro humano embrutecido que cuidava da segurança da caravana e recebia por isso. Ele era um convidado, não protegia nada, não se arriscava, comia junto de Pietro e seus empregados, ria com eles.
Então a oportunidade surgiu, junto de uma moça com asas vermelhas. Ela trazia uma proposta, dinheiro e uma aventura pela frente. Atacar um grupo de Puristas do Império e libertar uma prisioneira. Oferecia dinheiro e perigo. Aquilo era definitivamente o que aventureiros faziam.
Ikarus havia deixado a Ordem há alguns dias com a missão de encontrar Angra, que por sua vez procurava por seu mentor, Rodrik. Porém, o Império era hostil e a busca se mostrava infrutífera. Ouvia boatos, histórias sem nexo e até mentiras lhe atraindo para uma armadilha. Então veio a história de uma mulher de cabelos vermelhos atacando os chefões de Villent, não sabia se aquilo era verdade, mas não custava nada investigar, de qualquer forma, fosse quem fosse, estava presa.
Porém o destino parecia sorrir para Ikarus. Um mensageiro, durante um dia de céu azul, lhe abordou, entregando um saco de moedas e um bilhete ordinário. Nele havia informações sobre Angra, sobre onde uma suposta carroça que estaria lhe transportando e que o dinheiro no saco de estopa deveria ser usado para atrair aventureiros para que ela fosse libertada. Antes que Ikarus questionasse o mensageiro e também sua honestidade por transportar dinheiro sem nem sequer pensar em roubá-lo, ele havia sumido, a deixando apenas com as as letras no final da mensagem… RFR.
100 moedas de ouro mais rica, Ikarus procurou por aventureiros, porém seu tempo era curto. O bilhete deixava claro que o melhor dia para atacar seria amanhã, ao anoitecer, quando a carroça passaria pelo Passo do Javali, uma região mais afastada ao norte. Angra estava sendo guarnecida por Puristas de Warton, o que não facilitaria nada.
A jovem abençoada agora tinha dúvidas, pois a única opção que se mostrava diante dela era uma caravana que encontrou no meio do caminho, diante dela um bárbaro de semblante fechado e um minotauro empolado. Pelas suas contas deveria pagar 50 TO para cada um, caso aceitassem, e após o serviço, rumariam para Gallen, um pequeno vilarejo ao norte, onde o benfeitor misterioso iria pagar a outra metade do que fosse pago adiantado. Ikarus não saberia dizer se aquilo tudo era verdade, mas qualquer informação sobre Angra era bem vinda, ainda mais quando vinha acompanhada de dinheiro.
Notas do Mestre:
Ikarus, Arekus e Vanthuir começam juntos, liguei alguns pontos, mas não tomei a decisão por ninguém, a situação está diante de vocês, basta agora que interajam e decidam como irão prosseguir.
Dados dos Personagens
Ikarus: <> PVs: 20/20; PMs: 8/8; PEs: 0/0; PAs: 2; CA: 18/18 <> Condição:
Arekus Warhoof: <> PVs: 24/24; PMs: 0/0; PEs: 0/0; PAs: 2; CA: 19/19 <> Condição:
Angra: <> PVs: 29/29; PMs: 0/0; PEs: 0/0; PAs: 2; CA: 12/12 <> Condição:
Vanthuir Skullbringer: <> PVs: 38/38; PMs: 0/0; PEs: 0/0; PAs: 2; CA: 17/17 <> Condição: