Mab observava assombrada os momentos finais do combate, temendo o que poderia acontecer. O bardo estava dominado, cercado por todos os lados, mas continuava lutando com todas as suas forças. Uma palavra e um gesto, e o combate poderia mudar a qualquer momento, mas era preciso arriscar tudo para tentar capturar o louco com vida. Muita coisa dependia disso.
Por um momento, Mab assiste seus amigos tentarem capturar o bardo, como ela havia sugerido, mas então algo no olhar do próprio homem faz a feiticeira duvidar que isso fosse possível. Ele lutava como se sua vida dependesse disso porque de alguma forma sabia que aqueles eram seus últimos momentos e vida.
E então, tudo acaba.
A feiticeira solta um grito abafado quando vê
Erron morder o pescoço do bardo, matando-o instantaneamente.
- Por quê? Por que fez isso? - ela diz, correndo na direção de
Erron e do bardo caído. - Ele podia nos dizer o que sabia sobre as Relíquias de Brachian...
Mab vira o rosto quando se aproxima do bardo e vê o estrago causado pela mordida do druida. O sangue jorrava pelo ferimento aberto, formando uma poça escura no meio do corredor. Seu estômago imediatamente dá voltas, mas ela resiste, respirando profundamente antes de se voltar novamente para o corpo, ainda que evitasse olhar para o ferimento fatal.
- Não precisávamos tê-lo matado... - ela diz, mais para si mesmo do que para alguém, se abaixando para investigar o corpo.
Se pelo menos ela tivesse mais poder, mais conhecimento sobre magia, talvez pudesse ter evitado que aquilo acontecesse, mas tudo que ela sabia tinha se mostrado inútil para enfrentar os desafios do louco, e algo lhe dizia que aquilo era apenas o começo.
Mab retira o cinto de poções que estava com o bardo, e que ainda continha dois frascos de poção de cura, além da besta ricamente trabalhada que ele portava e a munição, mas é o alaúde que chama sua atenção. Por algum desejo do destino, o belo instrumento não havia sido danificado durante a luta.
Por um momento, Mab fica apenas olhando para o instrumento, imaginando que tipo de vida teria levado aquele homem à loucura, mas agora não era hora para pensar nos jogos do destino. Ela então se levanta e coloca os itens que achou ao redor do corpo - o alaúde, a besta e o cinto de poções - e vai investigar o corpo do cavaleiro da Ordem do Leão.
- E então, o que descobriu? - ela pergunta para
Renard, que investigava o corpo do cavaleiro nesse momento.
- Duas Relíquias de Brachian, um escudo e um par de luvas, mas não lembro seus efeitos -
Renard responde. - Também achei um livro. Enquanto vocês discutem o que desejam fazer eu vou ler... E não tenho interesse nas Relíquias, então quem quiser pode levar. Mais tarde vejo se lembro alguma coisa delas...
- As relíquias são necessárias para criar a Estrela-das-marés - a feiticeira diz, olhando pasma para o artífice. - É ela que vai evitar que Corealis seja tragada pelo mar! Ninguém sabe como elas são usadas, então é algo que precisamos descobrir...
Mab então se aproxima de
Dahllila e lhe entrega uma das poções de cura.
- Isso vai lhe ajudar a se recuperar.
Sem perceber, ela dedilhava algumas notas no alaúde, relembrando as lições de música que havia aprendido nos primeiros anos entre as feiticeiras da floresta.