Konrad havia respondido a sua pergunta.
- Eu não irei encarar a bacia por outras razões, Mitternach. Acho que já passou da hora de ser claro com você. Eu não irei compactuar com um servo do caos. Eu tenho... um acordo com outra divindade. Desde que matamos Desmond em Mehnat, eu estou em um pacto com outro deus.
Hoenheinn estava curioso ao ouvir aquelas palavras vindas de um Sallistenho.
- Eu sigo Lorde Kallyadranoch, Hoen. E eu não irei compactuar com Nimb.
Aquilo pegou Hoenheinn completamente desprevenido, foi como um soco em seu estomago e o deixou sem ar. Ficou encarando Konrad sem expressão por um tempo.
Ele falava agora com John como se o que tivesse dito fosse algo quase que trivial ao ser lançado ao ar. Ele falava, mas Hoenheinn não escutava.
Em sua cabeça ecoava apenas "Eu sigo Lorde Kallyadranoch".
Sigo Lorde Kallyadranoch.
Lorde Kallyadranoch.
Kallyadranoch.
Kallyadranoch.
Kallyadranoch.
. . . . . . . . . . . .
Naquela noite havia cantado, havia bebido, havia dançado, havia bebido, havia flertado, havia bebido.
Estava na torre que a pouco menos de uma semana tinha dormido sozinho em uma cidade infestada de Kobolds. Ela ainda não fora reocupada pelos habitantes, esses ainda aos poucos tentavam reconstruir suas casas e sua vida. Algumas destruídas pelo o próprio Paladino para que pudesse dar cabo dos inimigos que haviam tomado conta da cidade.
O ferimento no peito ainda doía, não havia deixado ninguém encostar nele além do tratamento que havia estabilizado.
Ainda se lembrava do rosto da moça o encarando antes de bater com a cabeça no chão e finalmente perder a consciência. Se lembrava da promessa que havia feito a ela e o seu objetivo talvez ambicioso de mais para que fosse alcançado, haviam vencido, mas o custo tinha sido alto. Haviam vencido o Cavaleiro Dragão, mas mesmo assim aquela era uma derrota pessoal para o Paladino.
Não havia conseguido salvar nenhum dos dois corações mais afetados pela macula do Tirano. Um coração movido por amor e o outro por ódio.
Deitado no chão frio de pedra encarava a escada em espiral que subia pela a torre enquanto o mundo parecia girar ao seu redor. Se lembrava então das palavras na carta que Laura o havia enviado sobre os Cavaleiros do Dragão e como planejavam transforar Arton no próprio covil de Kallyadranoch enquanto Valkaria se tornava sua cativa.
Desmond havia sido um desses Cavaleiros.
E mesmo assim achou que poderia redmi-lo.
Havia sido um tolo de esperar compaixão e redenção de alguém que desejava apenas sua destruição.
Sentiu o refluxo no peito, virou de lado e vomitou. Ficou de joelhos e mais uma golfada saiu de sua boca.
Sentia o cheiro ácido da bebida no chão enquanto as moscas-dragão que haviam naquele lugar pairavam logo a frente de sua vista.
Mehnat transbordava influencia de Kallyadranoch.
Tentou se levantar e caiu de lado com a cabeça quase ao lado do próprio vômito.
Chorava sua própria derrota, enquanto desejava que Arkam estivesse com ele ali, enquanto se lamentava pelo o que havia deixado acontecer por conta de sua irresponsabilidade, enquanto jurava não mais ter misericórdia para com aqueles que apenas desejavam a conquista tiranica.
Olhou para cima e disse para si mesmo ou para Valkaria, ou para o universo, talvez para quem pudesse ouvir.
- Eu não vou descansar até não sobrar mais nenhum.
. . . . . . . . . . . .
Quando Konrad parou de falar Hoenheinn pareceu voltar ao mundo real.
Seu corpo se moveu mais rápido do que sua mente, com puro instinto disparou um soco na direção do rosto de Konrad que notou o seu movimento e conseguiu esquivar a tempo.
Hoenheinn parecia bufar e entre os dentes disse.
- Você tem razão em uma coisa Konrad: Eu sou bondoso demais. Eu devia ter te socado com intenção de matar, assim eu não teria errado.
Segurava o seu corpo por apenas um fio de sanidade. Sabia o que queria fazer, mas não manifestaria uma gota do poder divino de Valkaria.
Aquilo era pessoal.
Apontou um dedo na direção do albino, como se ele próprio fosse manifestar uma projeção de si mesmo e dar um novo soco.
- Como você tem a cara lavada de me falar isso, nesse momento? Diabos. Como você é capaz de fazer isso após tudo o que aconteceu em Mehnat.
Cerrou o punho.
- Eu sabia que você e seus métodos não eram tão ortodoxos, mas isso era algo que era possível de se lidar. Agora ser servo de Kallyadranoch? O que você espera que eu faça? Que eu vá aceitar isso e deixar para lá? Não. Eu já cometi esse erro uma vez.
Encheu os pulmões de ar, se segurava apenas por um fio e finalmente concluiu.
- O que você tem a dizer antes de eu partir o seu cranio com minhas mãos?
Suas pupilas naquele momento eram como uma espiral. O mundo ao redor parecia nublado e distante. Queria apenas tirar aquilo de Konrad, nem que para isso o tivesse que deixar em coma.