Mahtan vigiava as profundezas com cuidado. Se alguma criatura estranha surgisse, ela não escaparia de sua visão. Assim, garantia que seus contratantes não tivessem surpresas desagradáveis.
Mahtan escreveu:
.............?
Mas para sua própria surpresa, notou que alguém inesperado vinha lhe fazer companhia. Logo acima e à frente, Izzy nadava velozmente, tentando acompanhar o pesqueiro.
Curioso, aproximou-se dela tomando o cuidado de voltar à sua forma normal para não assustá-la. A capitã logo o avistou e veio em sua direção nadando com razoável proficiência para alguém que não pertencia ao mundo submerso.
Mahtan escreveu:
Olá Capitã Izzy, um belo dia para se nadar não?
Você parece um pouco azulada... o que aconteceu?
Mahtan esperou alguns momentos pela resposta. Como não a recebeu, pensou perceber o que acontecia. Mas na verdade, nem imaginava.
Tudo que Izzy conseguir ouvir era o som das bolhas que saiam de sua boca enquanto ele tornava a tentar se comunicar. A salamandra era mais fácil de entender do que ele...
Mahtan escreveu:
"Blululub blub, blub, blub..
Blub, lulub, lub, lub, blub...".
Shamir escreveu:
Buiaaah!
Izzy já começava a se esforçar para prender a respiração. Era boa nadadora, mas o limite logo chegaria. Fez menção de iniciar uma comunicação por sinais, mas ao ver Mahtan realizar alguns gestos incomuns entendeu que ele já principiava a fazer o que esperava que fizesse.
Magia!
O mestiço do mar a tocou. Um arrepio correu-lhe a espinha. Sentiu uma sensação gostosa. Era como se o próprio Deus dos Mares a tocasse em sua alma. Seus pulmões se aliviaram. Subitamente, sentiu um desejo incontrolável de inspirar a água do mar. E quando o fez, sentiu-se tão bem quanto se respirasse ar.
Ou talvez melhor...
Então respirou com toda sua força e falou com igual vontade, sem perceber que aos ouvidos de Mahtan parecia gritar. A comunicação entre anfíbios e terrestres na água era sempre complicada e de certa forma um tanto cômica...
Izzy escreveu:
VOCÊ TEM QUE FALAR MAIS ALTO, OS OUVIDOS HUMANOS NÃO SÃO FEITOS PRA CAPTAR SONS EMBAIXO D'ÁGUA.
TENHO QUE FICAR POR AQUI POR UM TEMPO, DEPOIS EXPLICO, SÓ FIQUE ATENTO AOS NAVIOS À FRENTE.
Ao que parece, as coisas estavam resolvidas para Izzy. Por hora.
Mas o que estaria acontecendo com seus amigos? Estariam tão bem quanto?
De volta ao pesqueiro....
Ferannia escreveu:
Olá, Meg, como vai? Me chamo Ferannia e sou a líder destes aventureiros contratados por Izzy.
Meg Bruxa-Maldita White escreveu:
OLÁ VOCÊ AÍ, ADOREI SEU CABELO.
Ferannia escreveu:
Por favor, poderia me falar mais sobre o terreno, o local onde iremos? Sei que é uma gruta, mas existe algo diferente, exótico?
Meg Bruxa-Maldita White escreveu:
EU JÁ NÃO FALEI QUE NÃO É HORA PRA ISSO? DESCULPA SER GROSSA AMOR, MAS JÁ AVISEI.
E AGORA TEM MAIS OS TAPISTANOS QUE A RUIVOSA FALOU, PRA PIORAR...
Ferannia escreveu:
Shatass, já ouviu falar desse capitão Jack White? E das Grutas de Zalah?
Meg Bruxa-Maldita White escreveu:
(TANNA-TOH, ME EXPLICA O QUE TEM DE ERRADO COM MINHAS AMIGAS...)
Shatass escreveu:
Grutasss de Zzzalah? Velho Jack Bardo-Maldito White? Jolene Atormentada? Lenda? Conte-me maiss Meg, estou curiozzsa...
Meg Bruxa-Maldita White escreveu:
AH PRONTO, A OUTRA FICOU SURDA TAMBÉM AGORA.
SE SITUA AMIGA, TEM DOIS NAVIOS CHEIOS DE BOIS CHEGANDO ALI Ó.
Shatass escreveu:
Sssaberia apontar em um mapa a localizzsação destas grutasss? Exsssiste algum sssegredo no caminho, ou só os empesscilios habituaisss?
Meg Bruxa-Maldita White escreveu:
...
MARAH...
DAI-ME PACIÊNCIA PORQUE...
...
TENEBRA ME VALHA!
Sob o efeito dos poderes de Shantass, a anteriormente arisquíssima Meg havia até agora se mostrado especialmente calma.
Mas após as insistentes perguntas sobre o que ela já havia dito para ser deixado pra depois, alguma coisa nela pareceu mudar novamente.
Meg Bruxa-Maldita White escreveu:
...DAI-ME PACIÊNCIA MARAH, PORQUE SE KEEN ME DER FORÇA EU MATO!!!
VOCÊS TÃO TIRANDO COM A MINHA CARA? NÃO, SÉRIO, ME FALA! É PEGADINHA DO SEVERUS É?
Shatass escreveu:
Umhum, mas, por que te chamam de Bruxa Maldita? Voscê é tão dossce...
Meg Bruxa-Maldita White escreveu:
LENA ME ACUDA, ME SEGURA KHALMYR!!!
SE NÃO PARAR COM ESSA DROGA
AGORA EU VIRO GENTE DE NOVO E, THYATIS ME COZINHE SE EU TÔ MENTINDO, MANDO TUA ALMA DIRETO PROS QUINTOS DO ABISMO MEGERA!!
TU VAI FICAR LUTANDO NO EXPURGO PELO RESTO DA ETERNIDADE, TÔ AVISANDO HEIN, PARA COM ESSA PALHAÇADA JÁ! CABÔ, CHEGA, VAI DORMIR, PASSA DAQUI, VAI, VAI!
Sendo o único que parecia ter em vista o que era imediato, Elmac interrompeu a conversa. O paladino era um bastião de concentração.
Lutando para manter-se forte em seus próprios objetivos, apenas pediu à sua companheira que fizesse o que era realmente necessário então.
Elmac escreveu:
Shatass pode manter nossa nova amiga em silêncio?
Shatass escreveu:
Meg, meu amor, sssera que poderia me dar lisscensça um minuto? Talvez seja bom ficar em sssiênscio ssse possível...
Por favor, não converssse com esssses Mitotauross que irão nosss abordar.
Meg Bruxa-Maldita White escreveu:
AAAH MEU PAAAAAI!!! SE WYNNA ME DER PODER DE NOVO EU JURO, EU JURO JURADINHO POR TUDO QUE É MAIS SAGRADO QUE EU LIMPO AS ORELHAS DESSA COBRA VELHA COM DUAS MATA-DRAGÃO, UMA EM CADA UM DOS OUVIDOS
SURDOS DELA! MAS AH SE EU NÃO LIMPO! LIIIIIMPO, AH SE LIMPO!!
E dizendo isto, Meg calou-se. Completa e definitivamente, para ao espanto de todos.
Exceto o dela mesma, que agora mantinha os olhos fixos nas embarcações tapistanas. E em nada mais.
Log dos fatos importantes da cena com Meg, para satisfazer (parcialmente) suas curiosidades.
1. Tutorial VII – Ninguém pode voltar no tempo.
2. Cena anterior terminou com Meg não querendo mais falar e indicando testes de conhecimento.
3. Cena anterior terminou também com a iminência da abordagem de navios tapistanos, fato para o qual os jogadores deveriam descrever estratégias.
4. Ferannia continuou falando com Meg, tentando descobrir mais coisas antes de rolar o teste. Iniciou assim o que seria um novo longo diálogo com ela.
5. Shantass fez 8 perguntas para Meg (dividas em 4 parágrafos e 3 balões de fala), fazendo a conversa se alongar grandemente.
6. Meg respondeu conforme sua personalidade e pontos de vista. Irônica e incomodada, mas amistosa.
7. A insistência começou a minar sua paciência. Em dado momento, ela se irritou.
8. A continuidade das perguntas terminou por lhe tirar a paciência por completo, deixando-a profundamente irritada.
9. Houve rolagens, mas não irei comentá-las. Atenham-se às descrições.
Naquele ponto da história, Ferannia já não prestava muita atenção ao diálogo. Sozinha, concentrava-se em recordar o que já ouvira sobre as Grutas de Zalah.
Após reunir mentalmente tudo o que sabia e checar novamente os pontos comuns entre as informações, propiciou a falar.
Ferannia escreveu:
Pelo que me recordo, as grutas são habitadas por uma grande variedade de criaturas hostis de considerável perigo. Crustáceos gigantes abrigam-se nas fissuras e passagens apertadas. Trolls marinhos habitam as passagens mais largas e grandes aberturas, especialmente as próximas ao mar. Não é incomum que hajam mortos-vivos em alguns trechos, normalmente vítimas de naufrágios nas escapas... A vegetação é natural, e há pouco o que temer.
E se não me falha a memória... Sim, havia mais alguma coisa... O que era mesmo? Estou quase lembrando...
Ah, sim! Sereias. Há sereias habitando as águas daquela região, e não são poucas. Era isso...
Tendo dividido suas informações com os seus companheiros, passou a instrui-los quanto aos próximos passos.
Sabiamente decidiu omitir-se das negociações com os minotauros, confiando a Elmac esta tarefa. Ela apenas observaria e, em último caso, agiria.
No entanto, lá bem no fundo do coração, temia irritar-se se fossem insultados. Não era humana de levar desaforo pra casa e isto já a colocara em diversas encrencas...
Ferannia escreveu:
Pérola, fique próxima, mas fique mais atenta a Mahtan. Ele ainda não apareceu e isso pode ser uma preocupação. Não quero que ele surja do nada no meio da abordagem tapistana.
Pérola escreveu:
Sinceramente duvido que ele venha à bordo... Pelo que vi, Izzy foi atrás dele porque precisa da sua feitiçaria pra respirar embaixo da água pelo tempo em que estivermos perto dos barcos dos minotauros... Mas do jeito que aquele lá é estúpido, é capaz de querer subir... Vou ver o que posso fazer, embora ache melhor eu mergulhar junto para garantir. Entre ficar perto dele e de vários minotauros imundos, dos males o menor.
Num movimento, Pérola saltou na água, deixando no convés apenas seu manto negro.
A mestiça tinha modos simples e não era dada a rodeios. Apesar de arredia e um tanto estranha, podia-se sempre contar que faria o que é preciso logo.
Mas nem todos a consideravam por suas qualidades, apenas...
Shatass escreveu:
(Que inconsequente...)
Shantass ajuntou o manto abandonado por Pérola. Previdente ao seu jeito, tentava evitar detalhes que pudessem chamar atenção dos minotauros que logo os abordariam. Entregou-o a um dos marujos, pedindo-lhe que checasse mais algumas coisas. O homem o fez, mas deu um sorriso que ela não consegui entender o que significava.
Mais abaixo, sob as águas, Pérola procurava por Izzy e Mahtan. Logo os encontrou a certa distância, ocultos entre as algas. Foi abrigar-se por ali também, tomando cuidado para checar se o local era seguro. Não confiava no juízo de outrem tão facilmente.
Chamou-lhe bastante atenção a forma... Íntima como a capitã se abraçava a Mahtan... E como os dois se olhavam... Izzy notou que eram observados, mas não mudou sua postura.
Izzy & Mahtan escreveu:
................
Pérola guardou aquilo para si, naquele momento. Talvez fosse coisa de sua cabeça mesmo. Mas nem ela ou eles pensaram em mais nada por muito mais tempo, pois seus sentidos todos voltaram-se para as âncoras que cortaram as águas em direção ao fundo.
Os dois objetos desciam violentamente, agitando a fauna marinha que nadava assustada para longe. Era a hora da verdade. As galés tapistanas haviam chegado.
No pesqueiro, os aventureiros puderam ver bem os cerca de quarenta ou mais soldados minotauros que os observavam de cada uma das duas embarcações que os cercaram por bombordo e estibordo.
E havia mais, que surgiam de trás destes embalando-se para lançar cordas com ganchos de três pontas em sua direção, prendendo a pequena embarcação a eles mesmos. As amarras fizeram o pesqueiro girar como uma alavanca e chocar-se contra uma das galés, desequilibrando seus tripulantes.
Seus companheiros já se seguravam firmemente à amurada, mas Mestre Smith não encontrou um local vago perto de si e foi ao chão. Mas logo as velas já estavam perpendiculares a barlavento e o pesqueiro estável, seguro pelas cordas, sem mais mover-se.
Mestre Smith levantou com a ajuda de William e Ruperth, mas era tarde e já machucara o tornozelo durante a queda. Problemas! Mandril mantinha-se firme no mastro, mas decidiu descer logo juntando-se a Loveboat que se segurara no mastro principal, antes que algum minotauro exaltado resolvesse derrubá-lo de lá.
Elmac tentou gritar saudações, apresentando-se, e nem mesmo não saber exatamente para onde olhar ou com quem falar o impedia de gritar incessantemente.
Elmac escreveu:
SAUDAÇÕES HOMENS DO MAR DE TAPISTA, SOU ELMAC TIARICH, PALADINO DE TAURON, FILHOS DE JULIUS TIARICH, SENADOR DE TAPISTA.
A MEU LADO ESTÁ FERANNIA HAGEN, MINHA COMPANHEIRA.
EM QUE POSSO AJUDÁ-LOS?
Mas não importava o quanto tentasse, não obtinha resposta.
Logo entendeu: "O procedimento era sempre o mesmo". Pescadores ou o Primeiro-Cidadão, não importa, não há regalias para os abordados. Só há a lei de Tapista a ser cumprida. A lei da força! E o exército de Tapista é sempre o mais forte no lugar onde se encontra.
Mas da mesma forma sabia, logo o oficial em comando estaria à sua frente. Era o procedimento. O mais forte sempre vinha à frente. Por isto preparou-se para recebê-lo adequadamente, prostrando-se também à frente de seus companheiros.
Ferannia aguardava tudo com a mesma calma. Observava as embarcações. Procurava entendê-las. E aos soldados. Cada qual possuía uma função e um momento. E aquela era a hora de confiar em Elmac.
Shantass tentava sorrir, mas por dentro não se sentia confiante. A presença de Elmac lhe dava coragem o suficiente para não desmoronar. Mas estava abalada e perante o poderio bélico tapistano só um pensamento ocupava sua mente...
"Não somos nada!"
O pesqueiro foi rebocado para junto da galé. Escadas foram baixadas. E então os oficiais vieram a bordo.
Elmac escreveu:
Como bom cidadão Tapistano e
aliados, não pretendemos atrapalhar seu nobre serviço.
Nada temos a dever. Tem total liberdade para revistar a embarcação.
Comandante escreveu:
Oh, temos?
Que bondade a sua... Minauro.
O comandante olhou Elmac de cima a baixo como se escrutinasse um objeto.
Parou os olhos nos símbolos sagrados. Sorriu. Mas de uma forma... prepotente.
Comandante escreveu:
Minauro... Paladino...
Então não irá se opor a uma revista, não é mesmo? Quem diria?
HOMENS!!! REVISTEM ESTA EMBARCAÇÃO, AGORA E ACELERADO! QUERO CADA CENTÍMETRO REVIRADO, CADA BURACO... E CADA TRIPULANTE.
Soldados armados de lanças caminhavam entre os membros da tripulação. Dois deles revistavam a embarcação. Outros dois passaram a revistar os tripulantes.
Mas apesar das ordens, ninguém tocou em Elmac.
O comandante o observava incessantemente. Eram da mesma altura, mas esta era a única semelhança. O minotauro era muito mais forte que o minauro. E não tirava seus olhos dos do paladino um segundo. Parecia um leão frente a um cordeiro, encarando-o, demonstrando seu poder.
Mas Elmac não se abalava em nada. As bênçãos de Tauron o protegiam. Não conseguiria sentir-se intimidado mesmo se quisesse. E por isto, dizia exatamente o que planejara dizer. Sempre, e sem falta.
Elmac escreveu:
Não sabia que aqui haveria embarcações de guerra abordando e revistando, algo com o que devemos nos preocupar em frente? Como piratas ou algo digno da atenção de um guerreiro santo? E a algo que podemos fazer para ajuda-los?
Comandante escreveu:
Você diz piratas como estes que o acompanham?
É isto? Guerreiro santo...
Ainda o sorriso prepotente. O tom de deboche. E ainda os olhos fixos em Elmac.
Os soldados tapistanos ainda perambulavam pelo navio, fazendo-se impor. Olhavam de cima para baixo os marujos. Entre eles, Rupert, o maior, era alvo da maior parte das tentativas de intimidação. Era muito mais forte que um humano normal, e por isto despertava atenção também incomum.
Quanto ao comandante, ficara a dúvida. Conhecia aqueles homens? Ou blefava sobre saber que eram piratas? Como poderia sabê-lo? Informantes por todas as partes? Elmac buscou em sua intuição e concluiu perceber a verdade. A experiência lhe transparecia ao semblante poderoso. Não precisava mais do que olhar para os piratas para saber o que eram. Ali em sua frente, Elmac via aquele que talvez fosse o minotauro mais capaz que já conhecera.
Enquanto isto, a revista seguia veloz. O pesqueiro era vistoriado em seus mínimos detalhes. A resultado viria logo, após longos minutos de tensão no ar.
Soldados reunindo-se. Trocaram informações. Um deles deu um passo à frente e anunciou:
"Nenhuma suspeita".
Estavam livres. O pior havia passado.
Ou talvez não...
Mesmo com o resultado da busca, a ordem de partida não veio. O comandante virou-se, observando sua embarcação. Ponderava algo. Seus homens também pareciam aguardar a ordem.
Como não recebesse a confirmação, Elmac tornou a falar.
Elmac escreveu:
Nos temos pouco tempo para executar nossa missão, precisamos passar até o mar negro, pretendem barrar a missão de um paladino de Tauron?
Comandante escreveu:
E eu conseguiria barrar um representante da própria força encarnada, minauro Paladino? Diga-me!
Filho de Julius, não é? Certamente...
É só o que pode explicar...
Você.
De repente, tudo ficou claro. Não era uma questão de nada deverem. Ou se fora, não era mais.
Era uma questão de força. E uma questão de rejeição.
O comandante havia marcado Elmac com a um alvo, observando-o, testando-o.
Estava decidido a testar sua força e seu valor. Considerava-o inferior por sua natureza; um pária, um abjeto. E para piorar, o pária era um paladino de seus deus.
Afronta!
Como era possível que uma criatura tão miserável quanto um minauro fosse sagrado paladino do mais magnífico dos deuses, Tauron, o Deus da Força? Aquilo... Não podia acontecer. Não podia continuar. Um minauro paladino de Tauron? Não ali em frente à sua frota. Não mesmo! Iria provar pela força que era merecedor, ou então o comandante iria arrancar-lhe todos os símbolos e brasões e indumentárias com as próprias mãos. O envergonharia perante seu deus e seus companheiros. E acabaria para sempre com sua petulância de andar por aí com o símbolo do touro em chamas estampado no peito.
E seus companheiros? Ferannia já havia entendido. Estavam em enorme desvantagem. E Elmac não se comparava ao ameaçador comandante. Era muito mais forte e muito mais experiente.
Shantass também já entendera, à sua maneira e através do temor que sentia, que ali estava um minotauro que ela não dobraria com gracejos. Shantass entendia muito sobre minotauros. Mas aquele não era como os outros. Não confiaria nem mesmo em sua magia para enfrentá-lo, quanto menos a truques de lábia.
O comandante tomou a postura de batalha.
Tudo parecia perdido...
Até que uma voz poderosa trouxe a esperança de onde menos se esperava.
Minotauro escreveu:
Você não deveria brincar assim com crianças, Abelardus. O jovem está claramente no princípio de sua jornada, e tem as bençãos de nosso glorioso deus, o magnífico e poderoso Tauron.
Se Ele confia que um minauro carregue seu símbolo sagrado em seu peito e lhe empresta seu poder, quem é você para ousar desrespeitar a vontade de seu deus e senhor? Diga-me!
Se deseja enfrentar um representante de Tauron hoje, irá enfrentar a mim, aqui e agora. Diga-me, quer me enfrentar aqui e agora, Abelardus?
Do alto da galé, uma voz que transmitia força e poder puros pareceu se alastrar por todo o ambiente, sobrepondo-se sobre todos os sons. Até mesmo o do vento e do mar.
Ninguém mais ousou se mover. Nem um soldado. Nem um tripulante do pequeno pesqueiro. Pareceu que o próprio mar se acalmara de repente, dobrando-se ao seu poder.
Aquilo não era algo comum. Era algo maior. Algo divino!
Abelardus escreveu:
Não deveria se intrometer nos desígnios de seu comandante, Kels...
Minotauro escreveu:
EU DISSE:
"QUER ME ENFRENTAR AQUI E AGORA, ABELARDUS?"
Quem estave lá, naquele dia, pode jurar pelo resto da vida que o ar ficou tão pesado e solido naquele momento que você podia cortá-lo com uma faca e guardar seus pedaços. Até respirar era difícil, devido à tensão.
Só um indivíduo ali não se abalou com aquilo.
Elmac, o paladino de Tauron. O minauro.
Abelardus observava-o.
Media-o.
Questionava o que era Tauron nele e o que era o mortal nele.
Queria saber o quão corajoso ele seria sem a proteção do Deus da Força.
Mas principalmente, queria saber o que aquele ser que ele
"sabia" ser
tão inferior tinha de também
tão especial para receber aquelas bençãos.
Observou-o por mais seis longos segundos.
Para Shantass foram como seis dias.
Minotauro escreveu:
E então, Abelardus? O que será?
Abelardus virou-se para o minotauro no alto da Galé e encarou-o.
Então respondeu.
Abelardus escreveu:
Está certo, você foi o escolhido.
E se você diz que o Paladino de Tauron está acima de dúvidas, então o Paladino de Tauron está acima de dúvidas.
HOMENS, CESSAR REVISTA, RETORNEM À NAU CAPITÂNIA, ACELERADO. A EMBARCAÇÃO ESTÁ LIBERADA!
E dizendo isto, assim como tomaram conta de tudo, os minotauros recolheram-se às galés de onde haviam saído e recolheram as escadas que haviam baixado.
Abelardus nem sequer olhou para trás.
Os minotauros apressaram-se às suas posições, desaparecendo por detrás da alta amurada de suas naus, até que só um deles restava visível. Aquele que lhes salvara.
Olhando do alto, arremessou um objeto comprido coberto de pano em direção a Elmac , que o apanhou, e tão ameaçador quando falara antes, tornou a falar novamente.
Minotauro escreveu:
Não sei qual é seu objetivo e nem o que faz com este tipo de homens, paladino de Tauron.
Também não vou perguntar e você
não vai me dizer. Mas seja o que for...
Nunca envergonhe o nome do senhor seu deus!!!
E dizendo isto, virou-se e partiu.
Junto com ele, mais de cem minotauros e ainda outro que valia por cem.
E ambos se foram, deixando uma pergunta para o jovem minauro que ele ainda não sabia responder e que ficaria marcada em sua mente para sempre:
"Quanto Elmac valia?"