Parte 1: Viagem para Vila Marlim
Capítulo 1: Encontros
Hongari. Daqui é dito ser o lugar mais pacato do Reinado. Sem monstros, sem guerras. Embora Portsmouth insista em ser um espinho no pé e Triumphus seja um antro de criminosos imortais, o país como um todo é o lugar menos “aventuresco” de todo o continente. Em um mundo de problemas, Hongari é a calmaria no olho da tempestade.Vollendann
Mas há exceções. Como já dito, tanto a fronteira com Portsmouth quanto a infame Triumphus são focos de preocupações para os pacíficos halflings. E há Vollendann..
Comparanda com outros portos, a cidade de Vollendann é um lugar bem tranquilo. Mesmo assim não deixa de ter sua cota pessoas estranhas, viajantes obscuros e piratas que aproveitam a tranquilidade local para relaxar um pouco. E este porto é um dos principais pontos de chegada e saída de Moreania, o que agrega um elemento extra à situação. Apesar de tudo, Vollendann é um bom lugar para aqueles que precisam de problemas para viver: os aventureiros.
Abgail
Guiada pelo caos a menina chegou à Vollendann.
Fome. Uma sensação familiar. Abgail caminha entre as pessoas sentindo o estômago reclamando. Sente o peso da bolsa ao cinto – felizmente não lhe falta dinheiro. Hora de almoçar!
Uma pequena confusão ocorre à sua frente. Uma garota, ruiva e de cabelos cacheados, um pouco menor que ela mesma, passa rapidamente e lhe dá um esbarrão. Instintivamente a jovem leva a mão à cintura e percebe que a bolsa não está mais lá!
Ao se virar para correr atrás da garota sente uma mão forte e calosa agarrando seus braços finos. Ao virar-se dá de cara com um anão mal-encarado.
- PEGUEI VOCÊ, SUA RATA DESGRAÇADA! GUARDAS! GUARDAS! PEGA LADRÃO! ME DEVOLVA MEU DINHEIRO, YOU WHORE!
Arion TigernachOff:
Abgail perdeu todo o seu dinheiro.
Estranhos são os caminhos pelos quais os deuses conduzem os homens.
Arion Tigernach, cruzado da Justiça, havia chegado à Vollendann seguindo a vontade de Khalmyr. Em uma estrada de Bielefeld encontrara um homem com problemas com sua carroça. O homem chamava-se “Pai Adolfo” e era um humilde pregador servo dos deuses que viajava com sua filha – eles traziam todos os seus pertences consigo, na carroça, e dependiam da ajuda das pessoas. “E da misericórdia dos deuses”, completava.
Quando questionado sobre como pretende comprar duas passagens para uma terra tão distante o velho fala com fervor.Pai Adolfo
- Soube de um lugar além do oceano chamado Moreania onde nunca ouviram falar nos Grandes Deuses. Meu objetivo é viajar e levar a Palavra às almas ignorantes que lá vivem.
Junto com o pregador ia sua filha, a jovem Collette de treze anos. Embora sua vida fosse na estrada, não parecia lamentar.Pai Adolfo
- Os Deuses nos levarão! Mãe Valkaria abençoa minha ambição e o próprio Lorde Oceano abrirá as portas de seus mares para que nós o cruzemos, se necessário!
A própria menina narrou sua história. Sua mãe faleceu no seu nascimento e ela mesma veio ao mundo doente, entre a vida e a morte. Seu pai jurou que dedicaria sua vida à pregação da Palavra Divina se os Deuses salvassem sua única filha. Ela melhorara e agora viajavam juntos.Collette
- O senhor deseja vinho? Não precisa se preocupar, estamos em uma missão sagrada, meu pai e eu, em ação de graças por minha vida.
Vendo que o trajeto dos dois passava perigosamente perto da Floresta de Jeyfar (e percebendo que os dois não pareciam se importar do risco que isso representava), o cruzado decidiu acompanha-los pelo resto da viagem. Foi apropriado, pois tiveram alguns pequenos contratempos. Nada realmente de grande risco, mas sua presença com certeza foi útil. O velho não era desprovido de dons divinos e mesmo a garota demonstrava um talento invulgar com a pequena besta que possuía. No fim formavam um grupo singular e curioso que podia dar conta de ameaças menores.
Em Coronna, uma vila portuária perto da floresta, os dois conseguiram encontrar um navio que iria para Moreania e estavam dispostos a levar consigo dois passageiros. Arion bem ficou preocupado com a tal tripulação, mas notou que o capitão, um tal roddenphordense (“hersheyano”, corrigia) chamado Edvard Orelov, não era um homem ruim e seus subordinados eram pessoas decentes.
Antes de seguirem viagem, entretanto, deveriam fazer uma última escala em Hongari para comprar mantimentos e obter mercadorias. Sem nenhum motivo maior para ficar o jovem Tigernach decidiu seguir seus instintos e ir também.Edvard Orelov
- Peço apenas que não fique com pregações ou cultos durante a viagem, padre. Respeito-o como homem, mas não sou devoto.
E agora estavam em Vollendann. Arion não tinha certeza se queria continuar em frente, cruzar o oceano até uma terra desconhecida. Talvez lá bem precisasse de justiça, como dizia o velho. Mas Arton também possuía muitos problemas e muito mal a ser combatido.
Vagava pelas ruas sozinho, perdido em pensamentos, quando ouviu uma confusão no mercado.
Um anão com pecha de comerciante agarrava pelo braço uma garota ruiva que devia ter mais ou menos a mesma idade que o cruzado, talvez um pouco mais nova. O que estava acontecendo?
- PEGUEI VOCÊ, SUA RATA DESGRAÇADA! GUARDAS! GUARDAS! PEGA LADRÃO! ME DEVOLVA MEU DINHEIRO, YOU WHORE!
Thalassa Eidothea
Aquele era mais um dia como qualquer outro. Thalassa acordou, foi à praia e orou ao Oceano. Retornou ao templo para os afazeres diários e encontrou a sacerdotisa responsável, Neka Águazul.
Após o dejejum era hora de trabalhar. A jovem serva do Oceano havia chegado à Vollendann em suas viagens pela costa do continente e não pretendia permanecer por muito tempo, mas por enquanto podia viver ali. Vollendann era uma das poucas cidades do mundo seco a ter o Oceano como seu deus padroeiro. Mesmo outras cidades costeiras acabavam por escolher Khalmyr, Valkaria, Tauron ou outros deuses.Madre Neka
- Bom dia, Thalassa.
Mas Vollendann era uma exceção. As missas eram lotadas e sempre havia muito trabalho. Neka despediu-se após algum tempo, pois teria uma reunião com o burgomestre para discutir pequenas reformas na igreja. Levou sua aprendiz, Gina, consigo e deixou Eidothea cuidando do lugar. Recordou-lhe do homem ferido que os pescadores haviam encontrado e que ainda estava em seu leito.
E a halfling se foi com Gina atrás.Madre Neka
- Acredito que já está melhor e poderá levantar-se hoje.
A mulher terminava de limpar o salão quando percebeu alguém entrar pela porta sempre aberta. O vulto correu e escondeu-se rapidamente atrás de alguns bancos. Ao se aproximar viu uma garota com óbvia aparência de mendiga, cabelos ruivos cacheados, olhando-a assustada. Falou sussurrando.
Gregor
- Ééé... oi. A senhora poderia me deixar ficar aqui um pouquinho? Juro que não vou incomodar!
Gregor abriu os olhos na pequena cela que as clérigas haviam reservado para ele. Sentia-se bem melhor.
Quando seu mestre, Lannyloriell, enviou-lhe para o mundo o jovem feiticeiro não imaginou que já encontraria problemas logo no início. Meses haviam se passado desde que abandonara sua terra natal no norte e cruzado Trebuck. Chegara à Sambúrdia em busca de trabalho e terminara no Balneário de Zannar. Ali pegara um navio que devia leva-lo à Khubar.
Mas uma tempestade no meio do mar os pegara de surpresa e seu navio fora a pique. Ele naufragou e sabe-se lá quantos dias ficou à deriva, agarrado a um pedaço de madeira. Foi resgatado por pescadores halflings e levado à Vallendann onde permanecera vários dias desacordado, entre a vida e a morte, à mercê das sacerdotisas locais.
Mas isto era passado e sentia-se bem melhor. Levantou-se e encontrou suas coisas em um baú perto do pé da cama, como Madre Neka havia lhe dito. Vestiu-se e saiu de seus aposentos.
Após andar por um curto corredor viu-se na nave da igreja. Havia outra mulher lá e ele reconheceu como Thalassa, uma peregrina que fazia sua estadia por ali. Ela conversava com alguém que estava agachado atrás de um dos bancos.
Off:
É isso, começou. Vamos postar, povo. Embora tenha dito que iria atualizar semana que vem, posso fazê-lo antes se tiver tempo então postem rápido porque aí eu fico tranquilo.